A
ansiedade em que começou a viver mergulhava-a no caos. Era como se alguém
tivesse desestabilizado uma balança, não se sabendo agora para que lado iria
pender, nem, tão-pouco, em qual dos pratos pousava o discernimento, em qual a
insânia. Ela seguia aquele movimento sem se conseguir decidir, desejando, no
seu íntimo, dar com o lado errado, mesmo que o prazer por ele proporcionado
fosse efémero. Passara os últimos seis anos a construir um futuro estável e
sólido. Agora, o seu horizonte limitava-se a alguns dias, toda a sua vida
parecia convergir para o sábado seguinte, como se, para além dele, não houvesse
devir.
Pré-publicação de...? Estou curiosa!
ResponderEliminarCarla, continua a ser o romance em que estou a trabalhar. Não revelo mais nada, porque ainda não sei quando e se será publicado (a comunicação com a minha editora não funciona como eu desejaria). De vez em quando, aparecerá aqui um pequeno extracto, para que leiam e, se quiserem, dêem a vossa opinião.
ResponderEliminaristo está bom.
ResponderEliminarEsta pré, é curtinha demais para que possa tecer uma opinião acerca.
ResponderEliminarNão podendo inseri-la num tempo e num espaço definido, fico à toa...
Para além de uma mulher que por um motivo que o leitor não consegue definir se encontra a viver uma fase da vida em que busca dentro de si mesma um rumo, quem sabe, uma origem, ou ainda, e também, um incentivo que a energize, que lhe confira a força e coragem para enfrentar as dificuldades e ajude a projectar os seus desejos e a alcançar os seus objectivos...
Nã sê... pode ser que seja esta a lêtura, ou intão... outra deametralemente oposta...
;)))
Daniel, obrigada.
ResponderEliminarBartolomeu, acertaste em cheio ;)
As mulheres foram, durante muito tempo, educadas para não pensarem. Quem não se queria sujeitar a esse destino, tinha sérias dificuldades em encontrar o seu rumo. Ainda para mais, tratando-se do século XII! Mas, nesse aspecto, tanto podia ser XII, como XVIII, ou mesmo XX!
Desde muito cedo as igrejas consideraram a mulher, como a personificação do diabo, retirando-lhes todo e qualquer reconhecimento de igualdade na sociedade. Até ha bem pouco tempo, as mulheres achavam-se impedidas de participar na política, em actos sociais, etc. A sociedade civil e religiosa, relegava-as exclusivamente para o plano doméstico. É evidente que a vontade dos homens não consegue sobrepor-se ao das forças que comandam o mundo e fazem as coisas acontecer, permitindo que a mulher conquistasse o lugar na sociedade que lhe é devido, por direito.
ResponderEliminarDe qualquer modo penso, quando queremos prespectivar algo que esteja intrínsecamente relacionado, precisamos de recuar no tempo e tentar encontrar a origem, o primórdio e, a partir daí, construir a evolução.
Na época pré-histórica em que o homem vivia em cavernas e se alimentava da caça, da pesca e da recolecção de frutos e raízes, a mulher desempenhou um papel vital. E se hoje a humanidade existe, deve-o a essas mulheres, porque eram elas que possuíam vários poderes, que foram os que permitiram construir os alicerces que deram sustentabilidade à actual sociedade. Nessa época, eram as mulheres que preparavam os alimentos que garantiam a subsistÊncia do clã, durante os longos meses gelados em que o homem não caçava. Eram elas que secavam a carne e o peixe, acondicionavam as raíses e os frutos, curtiam as peles dos animais para agasalho, seleccinavam e recolhiam as ervas que permitiam curar os males do corpo, pariam e, quando o homem se deslocava em longas distÂncias para caçar, era ela que ía enterrando a comida que os sustentaria na viagem de regresso e era ela que possuia o "dom" de decorar os locais onde essa comida e água ficávam.
Tal como hoje... é a mulher que sabe onde se situam nas prateleiras do supermercado, os artigos que precisamos.
;)))))
(tinhas de rematar com uma parvoice, Bartolomeuzinho... está-te nos genes...)
Bartolomeu, eu também não acho que o mal está na diferença entre homem e mulher e na divisão de tarefas, considerando-se que algumas são mais próprias das mulheres e outras dos homens. O problema é que se hierarquizaram, até ao exagero, esse tipo de tarefas. Cozinhar, por exemplo, uma actividade tão importante e vital, é considerada inferior e sem valor (a não ser que se trate daqueles "chefs de cuisine", mas isso já é outra história). Ou seja, mesmo que consideremos o modelo tradicional da mulher ficar em casa a tratar desta e dos filhos, enquanto o homem vai trabalhar para ganhar dinheiro, é necessário pôr os dois tipos de actividade ao mesmo nível. São os dois importantes e vitais. Qualquer que seja o trabalho/tarefa a que nos dediquemos, é necessário respeitá-lo e dar-lhe valor. Infelizmente, a suposição de que a mulher se ocupa de "trabalhos menores" deu azo a que ela fosse extremamente subjugada pelo homem.
ResponderEliminarParece-me que a questão pode estar precisamente no facto de tarefas como cozinhar, cuidar da casa, etc, não serem recompensadas monetariamente, e logo não obterem reconhecimento social - não serem vistas como profissões. O não 'ganhar dinheiro', como dizes, desvaloriza-as ainda mais. Explica que ser chef seja outra coisa... sendo quase a mesma. Só quem não cozinha é que não sabe os extremos de imaginação e técnica que são precisos para agradar a todos e evitar a monotonia. :(
ResponderEliminarInfelizmente e fora de brincadeiras, continua a verificar-se em muitas situações que, mesmo no mundo do trabalho, a opinião das mulheres ainda é menos valorizada do que a dos homens, como se, na verdade, tivessem menos capacidade de raciocínio. E o seu trabalho também, como se vê pelo facto de se esperar que se... por exemplo, os filhos estão doentes, seja a mulher a faltar ao trabalho. Por vezes, até há esta discriminação por parte das outras mulheres, o que só pode explicar-se pelo terrível enraizamento social destas ideias, que há de levar ainda muitos anos a ser ultrapassado.
Pois, um chef ganha dinheiro e a dona de casa não.
ResponderEliminarSim, ainda há de demorar, concordo. Enquanto houver tanta mulher vítima de violência doméstica, não vamos longe...
Acompanhando...
ResponderEliminar:)
Olinda