Em todos os momentos da História, seja na Antiguidade, na Idade Média, ou no nosso tempo, são as mesmas paixões e os mesmos desígnios que inspiram os humanos. Entender a História é entender melhor a natureza humana.

28 de julho de 2012

Chega-te a mim

e deixa-te estar


Eduardo Sá, psicanalista e professor de psicologia, colabora regularmente na imprensa e na rádio. Vivendo no estrangeiro, eu não o conhecia, até ter lido uma entrevista que ele deu à Os Meus Livros. E, finalmente, arranjei ocasião para ler este livro.

Apesar de se tratar de uma não-ficção (coletânea de crónicas publicadas na Notícias Magazine), a escrita de Eduardo Sá é muito metafórica, pelo que exige uma certa habituação. Mas, depois de nos embrenharmos na sua simbologia, ele põe-nos a refletir, deixando-nos com ideias sobre o que podemos mudar na nossa vida. Mesmo não se concordando com tudo o que Eduardo Sá nos diz, ele ajuda-nos a conhecermo-nos melhor e a entendermos certas reações, nossas e dos outros, que costumamos apelidar de inexplicáveis, ou "impulsivas". Mas, e como já o tenho dito, nada fazemos por acaso.

Gostaria de transcrever aqui inúmeras passagens, mas, para não ser exaustiva, limito-me a uma "pequena" seleção:

O cor-de-rosa e o azul-bebé são cores traiçoeiras (...) A prova de que a nossa infância não é toda a cor-de-rosa nem a azul-bebé é o trabalhão que ela nos dá a consertar pela vida fora.

Ninguém nos ensina nada sem que aprenda connosco.

Educam-nos para a falsidade e para a hipocrisia, como se educar fosse domesticarmos o que sentimos cá dentro.

Só quem não aceita as imperfeições humanas (começando pelas suas) é que não cresce. Só quem não reconhece a sua necessidade de crescer não aceita o futuro.

Se as famílias tradicionais fossem uma mãe e um pai sempre juntos, por dentro e por fora, então as famílias tradicionais... raramente existiriam. Primeiro, porque os pais juntos, por fora, não significava que estivessem juntos por dentro. Em segundo lugar, o pai e a mãe juntos nem sempre quis dizer que ambos dessem tempo aos filhos.

 A ilusão de que todos podem gostar de nós seduz (...) Mas empurra-nos para o desejo de sermos adorados, o que só sucede quando (...) nos sentimos mal-amados.





2 comentários:

Bartolomeu disse...

De facto, opiniões que nos poderão fazer reflectir, sem contudo poderem ser uma "religião".
O essencial, é encontrarmos forma de nos conhecermos íntimamente, identificarmoso os nossos objectivos, os nossos gostos, a nossa ética pessoal. Conhecendo-nos podemos partir com maior segurança e menos hesitações, para a realização dos desejos que por vezes nos desafiam e que adiamos constantemente.

Cristina Torrão disse...

Conhecermo-nos a nós próprios e aceitarmo-nos como somos - os grandes desafios, Bartolomeu.