Em todos os momentos da História, seja na Antiguidade, na Idade Média, ou no nosso tempo, são as mesmas paixões e os mesmos desígnios que inspiram os humanos. Entender a História é entender melhor a natureza humana.
9 de agosto de 2013
Da nossa relação com os animais V
Recebi esta fotografia por email (num conjunto que mostrava outras situações de amizade entre pessoas e animais) e tornei a vê-la no blogue da Vespinha, em que ela nos diz que um hospital deixou que um doente terminal fosse acompanhado nos seus últimos dias por um dos seus melhores amigos. É uma fotografia que nos comove, mas, e como um comentador da Vespinha refere: seria possível acontecer tal, num hospital português?
As qualidades terapêuticas dos animais vão sendo cada vez mais conhecidas. Já aqui falei nelas, por várias vezes, inclusive em cães que, na Alemanha, ganham o estatuto de «cão da escola» e ajudam os professores a formar e a preparar as crianças para a vida. Mas o que vem sendo muito praticado, neste país, é o uso de animais em lares de idosos.
Resolvi, finalmente, dar isso a conhecer, depois de lida uma reportagem sobre Leo, um Jack Russell Terrier, que, uma vez por semana, visita pacientes idosos na ala de um hospital que funciona como um lar, onde esses pacientes podem ficar a recuperar, depois de terem tido alta e quando ainda não se sentem com forças suficientes para irem para casa.
O hospital fica no norte da Alemanha (Emsland). Leo é um cão terapêutico certificado e pode, inclusive, deitar-se na cama de alguns pacientes. Pertence a uma enfermeira de cuidados paliativos e teve de superar, com bravura, vários testes de stress, provando ficar sossegado, mesmo quando lhe berravam ou o assustavam.
Uma senhora de 85 anos, que recupera de uma operação ao coração, está sempre à espera do dia em que Leo a vai visitar. É o seu dia de felicidade, diz ela. Sente falta dos animais que sempre teve em casa, pois o falecido marido era veterinário.
Um outro paciente gosta de ter Leo ao cólo, para lhe dar guloseimas. Uma das enfermeiras revela-se encantada com as mudanças que o cão opera em certos pacientes. Pessoas caladas, depressivas e desinteressadas, de repente, começam a sorrir e a conversar.
Já aqui disse, algures, e torno a lembrar: sendo Portugal um país em que há tantos idosos a queixarem-se de solidão e tantos animais abandonados, não seria uma boa ideia sensibilizar aqueles a adotarem um animal, em programas assistidos, ajudando, assim, a resolver dois grandes problemas?
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
É uma ideia excecional. A minha mãe faz voluntariado num lar e chegou a abordar a hipótese de terem lá um gato, mas isso naomfoi bem visto...
ResponderEliminarQue pena, Vespinha!
ResponderEliminarFelizmente, por aqui, a mentalidade é bem diferente. Até tenho uma história engraçada, sobre isso. Quando a Lucy tinha cerca de um ano, fugiu-me para dentro de um lar de idosos, perto de uma zona verde para onde eu tinha ido passear com ela. Entrou mesmo lá dentro, pois as portas automáticas reagiram ao movimento. Fiquei aflitíssima, tinha de entrar naquele sítio, que não conhecia, onde havia idosos e pessoas atarefadas. Respirei fundo, antes de entrar, para ir procurar a minha cadela, certa de que ia levar um belo dum raspanete.
Nada disso aconteceu! As pessoas foram tão simpáticas! E houve um jovem que estava lá a fazer voluntariado que até me ajudou a apanhar a bicha atrevida e rápida como um foguete.
Escusado será dizer que a Lucy se fartou de divertir, achou imensa piada brincar comigo ao gato e ao rato pelos corredores do estabelecimento ;)
ResponderEliminarExcelente post, a alertar para um problema profundamente humano, a solidão, e o que os animais, neste caso os cães, podem fazer para minorar este flagelo.
Bj
Olinda
Obrigada, Olinda.
ResponderEliminarNão digo que fosse uma solução para todos os casos, até porque é preciso ter condições para albergar um animal. E um cão, por exemplo, precisa de muito movimento, o que nem todos os idosos estarão em condições de lhe proporcionar. Mas estou convencida que enriqueceria a vida das pessoas, em certos casos. Muitos desses idosos solitários, ainda com saúde, sentem-se inúteis, sem algo que os motive e lhes dê uma razão para continuar a viver. Uma responsabilidade acrescida, como tomar conta de um cão (ou de um gato, para quem não está para longas passeatas) pode operar verdadeiros milagres.