Em todos os momentos da História, seja na Antiguidade, na Idade Média, ou no nosso tempo, são as mesmas paixões e os mesmos desígnios que inspiram os humanos. Entender a História é entender melhor a natureza humana.
1 de agosto de 2013
Uma luz que nos nasce por dentro
«Na verdade, nunca houve ninguém na minha vida. Às vezes a solidão parecia alguém».
p. 46
Este livro de contos da Virgínia do Carmo não fala só de solidão, também do amor, do desejo, da vida, da morte, da culpa... Apresenta-nos personagens nas suas angústias e medos, cada conto é como que um diálogo interior (à exceção de O Velho do Vale) de alguém perante uma situação fraturante. A linguagem é muito poética, a Virgínia é, acima de tudo, uma poetisa, e só quem sabe escrever poemas podia dizer-nos algo como:
«Mas não sei escrever poemas. Tenho mãos, apenas. Os lábios secaram-se-me e é lá que nascem os poemas. Todos pensam que é nos dedos, mas não. Todos os poetas dizem os seus poemas antes que possam escrevê-los. Por isso as noites dos poetas são de sussurros. De murmurantes descobertas oferecidas à escuridão pelos lábios conscientes».
p. 61
O tom é sempre belo e triste. A Virgínia é exímia a descrever sentimentos, uma autora, sem dúvida, a merecer mais destaque.
«Desejar alguém pode ser uma aventura semelhante a comer caramelos. O sabor é bom. Mas a consistência estraga tudo. Antes de comê-los queremos muito comê-los. Depois de comê-los, desejamos não o ter feito. E quando já não temos força na língua para descolar os bocados encortiçados nos dentes só pensamos no tempo que ainda durará aquele caos encalhado na boca».
Dificilmente se encontrará este livro à venda.Quem quiser contactar com a Virgínia, pode fazê-lo através do blogue da Poética, livraria igualmente com loja online.
Nota: A fotografia da capa é também da autoria da Virgínia
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Cristina, obrigada pela leitura profunda do livro... Um beijinho grande!
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