Em todos os momentos da História, seja na Antiguidade, na Idade Média, ou no nosso tempo, são as mesmas paixões e os mesmos desígnios que inspiram os humanos. Entender a História é entender melhor a natureza humana.
12 de agosto de 2013
Naquele Tempo (21)
Mas a dificuldade de distinguir a História da Epopeia continua até hoje. Foi preciso uma profunda alteração política para que a História propriamente dita fosse possível nas universidades, mas parece ser ainda difícil fazê-la penetrar nos discursos políticos, na imprensa e na vida pública. O mito insinua-se constantemente nas comemorações de factos gloriosos do passado e seduz poderosamente as comissões encarregadas de as promoverem. Reveste-se, então, das cores sedutoras de «busca da identidade nacional».
(...)
De facto, o tratamento da figura de Afonso Henriques produziu em Portugal os mais curiosos resultados desde que a crítica histórica penetrou entre nós. Inconscientemente, mesmo os historiadores que professavam um racionalismo militante se empenhavam na tentativa de dotar alguns dos grandes mitos nacionais de uma efectiva consistência histórica. Tornar o imaginário não só verosímil mas também real, pelos métodos seguros, científicos, escrupulosos, do positivismo e da erudição mais exigentes - eis o grande empenhamento, o persistente esforço de muitos dos nossos mais veneráveis historiadores nacionais, desde a época romântica até aos que ensinaram nas academias e universidades nos anos 40 a 60 [do século XX], e cujos propósitos foram seguidos por não poucos vulgarizadores de efectivo mérito científico até aos dias de hoje. Uma das suas figuras predilectas foi, naturalmente, a do fundador da nacionalidade.
As três faces de Afonso Henriques, págs. 456/457
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