Excerto da recensão da escritora Ana Cristina Silva a este meu livro, publicada no novo número do jornal Portugal Post:
«Um dos aspectos interessantes deste romance é exactamente a sua estrutura narrativa. Tenho especial preferência por romances que não são lineares e esta narrativa alterna, ao longo dos capítulos, dois tempos: o presente, registado através de cartas num registo mais reflexivo, em que o narrador é Helena, e a evolução da vida da personagem principal narrada na terceira pessoa, sendo a conjugação destas duas vozes narrativas particularmente bem conseguida».
O livro pode, para já, ser encomendado na Portugal Post Shop, por 11,90 € + portes.
A partir de meados de Setembro, estará disponível nas livrarias.
Em todos os momentos da História, seja na Antiguidade, na Idade Média, ou no nosso tempo, são as mesmas paixões e os mesmos desígnios que inspiram os humanos. Entender a História é entender melhor a natureza humana.
30 de julho de 2016
28 de julho de 2016
Conflitos entre Dom Dinis e Dona Isabel
Os desentendimentos entre Dom Dinis e o seu herdeiro refletiram-se na
sua relação com a rainha Dona Isabel, acusada, pelo marido, de se pôr ao
lado do filho.
Dinis levantou-se irado, deixando o local sem proferir palavra. A caminho dos seus aposentos, porém, notou que Isabel o alcançava e lançou-lhe por cima do ombro:
- Nada tenho para falar convosco!
- Pois eu tenho algo para vos dizer!
Mais furioso do que nunca, resmungou, apressando os seus passos:
- Não estou interessado.
- Porque nunca vos interessais pelo que diz respeito ao vosso próprio herdeiro?
Dinis estacou. Na verdade, sentia a fúria dar lugar a um vago sentimento de culpa. Teria Isabel razão? Seria ele o responsável pela sede de protagonismo do filho? Sentia-se Afonso preterido em relação ao meio-irmão?
Virou-se para Isabel e confessou:
- Afonso não é o herdeiro com que eu sonhei.
- Afonso é o herdeiro que Deus vos deu! Não devíeis provocar a sua ira!
O rei tornou a exaltar-se:
- Eu ajo como bem entendo, com quem bem entendo!
Isabel declarou, como se proferisse uma sentença:
- Quem a ira semeia, a ira colherá!
O meu romance sobre Dom Dinis está à venda sob a forma de ebook na LeYa Online, na Wook e na Kobo.
Para adquirir a versão em papel, contacte-me através do email andancas@t-online.de.
Dinis levantou-se irado, deixando o local sem proferir palavra. A caminho dos seus aposentos, porém, notou que Isabel o alcançava e lançou-lhe por cima do ombro:
- Nada tenho para falar convosco!
- Pois eu tenho algo para vos dizer!
Mais furioso do que nunca, resmungou, apressando os seus passos:
- Não estou interessado.
- Porque nunca vos interessais pelo que diz respeito ao vosso próprio herdeiro?
Dinis estacou. Na verdade, sentia a fúria dar lugar a um vago sentimento de culpa. Teria Isabel razão? Seria ele o responsável pela sede de protagonismo do filho? Sentia-se Afonso preterido em relação ao meio-irmão?
Virou-se para Isabel e confessou:
- Afonso não é o herdeiro com que eu sonhei.
- Afonso é o herdeiro que Deus vos deu! Não devíeis provocar a sua ira!
O rei tornou a exaltar-se:
- Eu ajo como bem entendo, com quem bem entendo!
Isabel declarou, como se proferisse uma sentença:
- Quem a ira semeia, a ira colherá!
O meu romance sobre Dom Dinis está à venda sob a forma de ebook na LeYa Online, na Wook e na Kobo.
Para adquirir a versão em papel, contacte-me através do email andancas@t-online.de.
26 de julho de 2016
Signatus - o Lobo do Fojo de Guende
Nesta novela, Isabel Maria Fidalgo Mateus retrata o conflito
entre os humanos e os lobos, procurando soluções para a coexistência. Baseada
na lenda da Fada dos Lobos, conhecida
em certas regiões do Minho e da Galiza, cria a história de Deolinda, uma órfã
galega no século XIX.
Deolinda conhece as duas partes do conflito. A fim de
assegurar a própria sobrevivência, torna-se pastora, pelo que vê a necessidade
de proteger os rebanhos dos lobos. Por outro lado, depois de ajudar um lobo
apanhado no fojo de Guende a fugir e de lhe dar o nome de Signatus (por causa de um sinal numa pata, mas, na verdade, o nome
é baseado na classificação científica do lobo ibérico: Canis lupus signatus), estabelece,
com ele, uma amizade inabalável. Deolinda deixa a sua Galiza natal, na
companhia de Signatus, descendo ao
Minho. Durante uns tempos, abriga-se num mosteiro perto de Pitões das Júnias,
onde já só vive um monge. Alcança, depois, Vilarinho das Furnas, onde chega a
casar e a formar família, sem, porém, perder o contacto com Signatus. E o seu destino parece ser mesmo entre os lobos. Depois
de uma série de infelicidades, regressa aos montes, tornando-se na Fada dos Lobos, quando os métodos dos
aldeões para os eliminarem se tornam cada vez mais drásticos, chegam a usar
estricnina.
Isabel Mateus faz a ligação ao século XX, referindo o
destino de Vilarinho das Furnas, que acabaria por desaparecer com a construção
de uma barragem. No tempo atual, há um grupo de turistas que visita esses
locais. E, num último capítulo, a autora faz uma resenha da história do lobo
ibérico e de quais as medidas que hoje se tomam (e que instituições estão
envolvidas), a fim de proporcionar uma convivência pacífica entre os humanos e
os lobos.
Ilustrado por Cristina Borges Rocha, este é, na minha opinião, mais um livro de Isabel Mateus essencial à formação de crianças e jovens. O Signatus,
o Farrusco e o Sultão fariam uma excelente
companhia aos alunos das nossas escolas. Sem esquecer os adultos, pois são livros para todas as idades.
25 de julho de 2016
A Citação da Semana (123)
«A ficção é uma das poucas experiências em que nos confrontamos com a solidão e, simultaneamente, nos aliviamos dela. Drogas, filmes em que coisas explodem, festas barulhentas: são uma perseguição à solidão que me fazem esquecer de que o meu nome é Dave e que vivo numa caixa de ossos só para um onde ninguém consegue penetrar ou conhecer. Ficção, poesia, música, sexo verdadeiramente profundo e, de certo modo, religião: estes são os lugares (para mim) onde se aceita, enfrenta, transfigura e cura a solidão.»
David Foster Wallace, autor de A Piada Infinita (Quetzal, 2012)
Nota: Citação enviada na Newsletter Blogtailors #45
David Foster Wallace, autor de A Piada Infinita (Quetzal, 2012)
Nota: Citação enviada na Newsletter Blogtailors #45
24 de julho de 2016
Caminha, Porto de Mós e um crime
A vila de Caminha faz hoje 732 anos.
A 24 de Julho de 1284, Dom Dinis fundou a vila de Caminha, à qual deu foral.
Verifica-se hoje igualmente o 711º aniversário do foral de Porto de Mós, concedido por Dom Dinis.
Foi também a 24 de Julho, no ano de 1306, que Jaime II de Aragão escreveu ao cunhado Dom Dinis, pedindo-lhe que ajudasse a esclarecer a morte de Dona Violante Manuel, casada com o infante Dom Afonso, irmão do rei português.
Trata-se de um assunto que permanece na obscuridade. Dom Afonso terá assassinado a esposa e procurado proteção junto do irmão rei. O caso nunca foi esclarecido, pois Dom Dinis protegeu o irmão, contando a versão deste, que apontava para um acidente, mas que não era plausível.
O infante Dom Afonso, dono de um carácter enigmático que deu muitas dores de cabeça a Dom Dinis, viveria, a partir desta altura, amargurado até à sua morte, a 2 de Novembro de 1312, com apenas quarenta e nove anos. Foi sepultado na igreja de São Domingos de Lisboa.
O meu romance sobre Dom Dinis está à venda sob a forma de ebook na LeYa Online, na Wook e na Kobo.
Para adquirir a versão em papel, contacte-me através do email andancas@t-online.de.
23 de julho de 2016
Tu És a Única Pessoa
Helena Tavares conhece Leonel Moreira, membro das Brigadas Revolucionárias, no efervescente meio estudantil de 1973/74. Os dois envolvem-se numa relação amorosa, mas acabam presos em Caxias, nas vésperas da revolução.
O livro pode, para já, ser encomendado na Portugal Post Shop, por 11,90 € + portes.
A partir de meados de Setembro, estará disponível nas livrarias.
22 de julho de 2016
Mudam-se os tempos...
Viver em meios rurais já não é o que era. Numa reportagem da revista Visão (Nº 1175) sobre a obesidade infantil, pode ler-se o seguinte:
«O problema é mais acentuado no meio rural, onde vivem os rapazes e as raparigas entre os 13 e os 16 anos que menos se mexem. Apesar dos espaços em liberdade, durante o ano letivo os miúdos dos meios rurais passam mais tempo a ver televisão do que os das cidades, que têm uma maior oferta de atividades extra curriculares, como o desporto ou a música, concluiu um estudo da Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física da Universidade de Coimbra».
Os tempos mudam e os hábitos também. Nos meios rurais, já pouca gente se dedica à agricultura. Os pais saem de manhã para os empregos, tal como na cidade, e os filhos ficam sozinhos, sem alternativas aos ecrãs (sejam televisivos, ou outros). Enquanto acreditarmos, porém, que a vida no campo é mais saudável e convida mais ao movimento, ignoramos o que realmente se passa.
Libertarmo-nos de crenças antigas, encarando a realidade, é meio caminho andado para a resolução de problemas.
«O problema é mais acentuado no meio rural, onde vivem os rapazes e as raparigas entre os 13 e os 16 anos que menos se mexem. Apesar dos espaços em liberdade, durante o ano letivo os miúdos dos meios rurais passam mais tempo a ver televisão do que os das cidades, que têm uma maior oferta de atividades extra curriculares, como o desporto ou a música, concluiu um estudo da Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física da Universidade de Coimbra».
Os tempos mudam e os hábitos também. Nos meios rurais, já pouca gente se dedica à agricultura. Os pais saem de manhã para os empregos, tal como na cidade, e os filhos ficam sozinhos, sem alternativas aos ecrãs (sejam televisivos, ou outros). Enquanto acreditarmos, porém, que a vida no campo é mais saudável e convida mais ao movimento, ignoramos o que realmente se passa.
Libertarmo-nos de crenças antigas, encarando a realidade, é meio caminho andado para a resolução de problemas.
20 de julho de 2016
O Terceiro Manifesto
Excerto do meu romance, respeitante ao terceiro manifesto apresentado por Dom Dinis contra o seu filho e herdeiro, futuro Dom Afonso IV:
Dinis não descortinava maneira de prever o futuro. Nada mais lhe restava do que dar o contributo que achava adequado para o findar das calamidades: apresentou, a 17 de Dezembro, apenas uma semana depois do sismo, o seu terceiro manifesto, mais violento. Dirigia-o ao concelho de Lisboa, de quem pretendia, entre outros, apoio militar.
Mais uma vez, relatava os desmandos e violências perpetrados pelos apoiantes do príncipe, muitos deles degredados e malfeitores. E ia mais longe: escarnecia da intromissão da rainha e do apoio que o infante havia solicitado a Aragão, pois os que acompanhavam o filho nada tinham que devessem à rainha e o próprio príncipe nada tinha que viesse de Aragão, mas sim apenas do rei, seu pai. Concluía, desnaturando o filho: o Infante, pelas obras em que andou e anda e pelos seus cometimentos feitos até aqui, e que agora faz atacando o Rei, desnaturou-se do Rei e da sua terra e dos seus naturais.
O meu romance sobre Dom Dinis está à venda sob a forma de ebook na LeYa Online, na Wook e na Kobo.
Para adquirir a versão em papel, contacte-me através do email andancas@t-online.de.
Dinis não descortinava maneira de prever o futuro. Nada mais lhe restava do que dar o contributo que achava adequado para o findar das calamidades: apresentou, a 17 de Dezembro, apenas uma semana depois do sismo, o seu terceiro manifesto, mais violento. Dirigia-o ao concelho de Lisboa, de quem pretendia, entre outros, apoio militar.
Mais uma vez, relatava os desmandos e violências perpetrados pelos apoiantes do príncipe, muitos deles degredados e malfeitores. E ia mais longe: escarnecia da intromissão da rainha e do apoio que o infante havia solicitado a Aragão, pois os que acompanhavam o filho nada tinham que devessem à rainha e o próprio príncipe nada tinha que viesse de Aragão, mas sim apenas do rei, seu pai. Concluía, desnaturando o filho: o Infante, pelas obras em que andou e anda e pelos seus cometimentos feitos até aqui, e que agora faz atacando o Rei, desnaturou-se do Rei e da sua terra e dos seus naturais.
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18 de julho de 2016
Dom Dinis e o seu herdeiro (2)
Mais uma cena de
desentendimento entre Dom Dinis e o filho Dom Afonso:
A
sentença do tribunal régio no processo dos herdeiros do 1º conde de Barcelos
foi proferida a 3 de Janeiro de 1312. E, se já se previam vantagens para Afonso
Sanches, a proporção do favorecimento acabou por surpreender! Martim Gil de
Riba de Vizela, apesar de ainda não ser velho, foi-se muito abaixo, por andar enfermo.
Resolveu abandonar o reino, exilando-se em Castela, nem os pedidos do infante
herdeiro e do fidalgo aragonês Raimundo de Cardona o conseguiram demover da sua
decisão.
-
Como pudestes consentir tal? - O olhar do príncipe, normalmente enigmático,
mostrava ao pai a tristeza e a indignação: - Levar um homem enfermo a
exilar-se, um varão que tão bem serviu o reino!
-
Exilou-se de sua própria vontade - retorquiu Dinis impassível.
Afonso
fechou a mão num punho, apertando-a com toda a força:
-
E tudo apenas para favorecerdes ainda mais o vosso bastardo!
Naquele
punho tremente, Dinis constatou que a aproximação entre ele e o filho, operada
com algum custo, nos últimos dois anos, estabelecera apenas uma ligação ténue,
que ameaçava soçobrar sob o peso do exílio voluntário do 2º conde de Barcelos.
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