Em todos os momentos da História, seja na Antiguidade, na Idade Média, ou no nosso tempo, são as mesmas paixões e os mesmos desígnios que inspiram os humanos. Entender a História é entender melhor a natureza humana.

12 de junho de 2012

Crónica d'Orelhudos



Adorei ler este livro, que está à disposição de todos, como ebook. A Crónica d'Orelhudos é uma sábia alegoria aos regimes que, apesar de se intitularem de democráticos, impõem leis e burocracias que não têm outro objetivo que não seja a sua própria existência e a proteção dos que mexem os cordelinhos. As eleições são livres, mas é claro que os candidatos pertencem à elite que é suposto governar; há liberdade e iniciativa privada, mas é claro que o cidadão comum se vê tão enredado em burocracia, que corre o perigo de endoidecer, mergulhar na depressão, ou tornar-se num criminoso sem sequer se aperceber; e é claro que a burocracia e o circular do dinheiro só servem para alimentar essa mesma burocracia e enriquecer a elite. Quem pertence ao povo, só se safa caindo nas boas graças daqueles que o governam. Daí à corrupção e ao tráfico de influências é um passo, minúsculo.

Mas o autor, Luís Novais, deixa uma nesga de esperança, ao lembrar-nos de que, muitas vezes, para acabar com o círculo vicioso, é apenas necessário dizer "não", apontando, sem medo, os defeitos e as fraquezas de um regime, colocando o dedo na ferida.

Recomendo vivamente esta leitura  (clique, para mais pormenores).

3 comentários:

Ângelo Marques disse...

olá Cristina,
é realmente um livro muito bom.

Bartolomeu disse...

É verdade Cristina, acho que todos concordamos com a ideia de que, para acabar com um circulo vicioso, é necessário dizer "não".
Mas é necessário acima de tudo, antes de dizer o "não" capaz de interromper o tal circulo, adquirir a necessária consciência cívica. Isto para que não incorramos no "circulo vicioso" de ter de proferir "nãos" sistemáticamente. Aquilo que em minha opinião é a grande desvantagem da democracia, reside na tendência para criar normas borocráticas, com o fim de a proteger e não deixar corromper. Normas essas, que acabam por resultar precisamente no inverso. Isto não invalida, contudo, que naqueles países onde as sociedades se acham impregnadas de maior consciência cívica, a democracia funcione quase, em toda a sua plenitude. O que nos conduz à conclusão que: havendo consciência cívica, a existÊncia de um conjunto de normas democráticas, defendidas por um conjunto de outras normas constitucionais que visando defendê-las de si mesmo, acabam por lhe permitir ataques.
Ao fim e ao cabo, o Einstein é que tinha razão... talvez seja tudo uma questão de universos paralelos... às tantas... quem sabe?!
;)
Um beijo, minha Amiga Cristina!

Cristina Torrão disse...

Gosto dessa ideia de universos paralelos ;)

Também é verdade que, muitas vezes, tudo depende da altura em que se diz o "nao", para que ele possa soar como um trovao, espalhando as suas ondas. É mais certo, porém, ficar abafado, no meio de tanto ruído. É a tal coisa da reaccao certa no momento certo...