Porque razão temos filhos?
Porque razão insistimos em trazer vidas a este planeta das quais não somos capazes de cuidar?
Porque razão as despejamos nas escolas, nas creches e em amas de madrugada e só voltamos já de noite?
Porque razão não estamos disponíveis para perceber que os nossos filhos estão tristes, acabrunhados, violentados?
Porque razão nós, seres imperfeitos e manifestamente incapazes de lidar com a realidade que vivemos, permanentemente afogados em mágoas e reclamações sobre tudo e sobre todos, insistimos em acreditar que os nossos filhos vão ser seres lindos e perfeitos, sempre lavados e penteados, sempre bem-comportados à mesa, que nunca vão chorar para não incomodar, que nunca vão fazer asneiras, que nunca vão ter problemas, nem angústias, que nunca vão ser infelizes?
Porque razão insistimos em ter filhos se depois permitimos que isto lhes aconteça mesmo debaixo dos nossos olhos e ainda insistimos em negar para não assumirmos que falhámos, que estivemos distraídos, que não vimos os sinais, que não soubemos ser bons pais?
Só uma das partes é inocente, tanto nesta história como nas outras histórias de crianças e jovens perdidos na vida, entregues ao abandono e à violência que têm vindo a público. São eles, as crianças e os jovens, e no entanto, são os únicos que foram punidos. De resto - as amas, os pais das crianças, os professores e todos nós, que construímos esta sociedade onde só o superficial importa - somos todos culpados. Que ninguém se atreva a lavar as mãos como Pilatos.
Porque razão insistimos em trazer vidas a este planeta das quais não somos capazes de cuidar?
Porque razão as despejamos nas escolas, nas creches e em amas de madrugada e só voltamos já de noite?
Porque razão não estamos disponíveis para perceber que os nossos filhos estão tristes, acabrunhados, violentados?
Porque razão nós, seres imperfeitos e manifestamente incapazes de lidar com a realidade que vivemos, permanentemente afogados em mágoas e reclamações sobre tudo e sobre todos, insistimos em acreditar que os nossos filhos vão ser seres lindos e perfeitos, sempre lavados e penteados, sempre bem-comportados à mesa, que nunca vão chorar para não incomodar, que nunca vão fazer asneiras, que nunca vão ter problemas, nem angústias, que nunca vão ser infelizes?
Porque razão insistimos em ter filhos se depois permitimos que isto lhes aconteça mesmo debaixo dos nossos olhos e ainda insistimos em negar para não assumirmos que falhámos, que estivemos distraídos, que não vimos os sinais, que não soubemos ser bons pais?
Só uma das partes é inocente, tanto nesta história como nas outras histórias de crianças e jovens perdidos na vida, entregues ao abandono e à violência que têm vindo a público. São eles, as crianças e os jovens, e no entanto, são os únicos que foram punidos. De resto - as amas, os pais das crianças, os professores e todos nós, que construímos esta sociedade onde só o superficial importa - somos todos culpados. Que ninguém se atreva a lavar as mãos como Pilatos.